domingo, 18 de maio de 2008

A Febre de Sócrates e a Ironia do Tabaco

“Estava com um pouco de febre e fui ao Hospital de Santo António, no Porto. Estava com um síndrome gripal, deram-me um antibiótico e fiquei muito melhor”. Assim, José Sócrates justificou o seu atraso de duas horas, esta noite, na chegada ás instalações da Associação Industrial do Minho, onde mais de cinco centenas de militantes o aguardavam para ouvir as explicações do líder do partido sobre as alterações que o Governo em previstas para o Código de Trabalho. Mal saiu da sua viatura, Sócrates disse aos jornalistas que foi o seu assessor de imprensa, Luís Bernardo, que se sentiu mal com “uma dor, pedras nos rins”. Posteriormente, o actual líder do Partido Socialista e Primeiro Ministro justificou com novos pormenores o episódio, perante uma plateia de centenas de militantes. Segue-se a tradução literal e integral das palavras de José Sócrates, face à actual impossibilidade técnica de reproduzi-las por via áudio. Assim sendo, Sócrates frisou que: “vim hoje mesmo do Peru. Fui, ainda, a uma cerimónia de entrada de funcionamento de uma autoestrada. Nessa altura comecei a sentir febre. Decidi passar, juntamente com os meus assessores, no Hospital de Santo António, no Porto. E depois de uma consulta, de um analgésico e de um antibiótico, aqui estou, em forma, para me encontrar com o Partido Socialista. Mas quero agradecer o desvelo com que os jornalistas acompanham a minha saúde. Mal cheguei perguntaram-me se estava melhor. Estou, estou óptimo. E quero garantir o seguinte: é que o médico nada me disse sobre se, esta gripe, era consequência de alguma síndrome de abstinência relativamente ao facto de há 5 dias não fumar”.
Desde já, uma observação: fico feliz por José Sócrates conseguir cumprir uma promessa, 5 dias sem fumo nos seus pulmões! Prejudica menos a saúde dele e a de todos, principalmente, a daqueles que o rodeiam.
Segunda observação: era desnecessário ter mentido aos jornalistas, à entrada do encontro com os militantes, quando disse que foi por causa do seu “assessor que teve dor, pedras nos rins” que acabou por passar duas horas dentro do Hospital de Santo António, no Porto. Os microfones registaram tudo e a mentira não surtiu o efeito desejado, mesmo quando no interior da sala da reunião o assessor do PM insistiu na ideia, junto dos jornalistas, de que ele mesmo tinha sofrido uma “dor nos rins que nunca antes tinha tido”. Logo em seguida, o próprio José Sócrates confirmou o que se tinha realmente passado.
Terceira observação: afinal, o assunto não merece interesse de grande destaque. Quem já não sentiu “estados febris” e, ainda por cima, por causa de uma suposta gripe. A meu ver, a piada disto tudo está na ideia irónica que José Sócrates aproveitou para lançar: já deixou de fumar!!! E pelo que o assessor contou, “não é a primeira vez!”… A ver vamos se a promessa se garante em si mesma.

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